A fórmula já é bem conhecida. Pessoas de grande potencial intelectual, geralmente bem formadas e competentes em determinadas áreas do conhecimento encarnam uma grande missão, dão a cara e começam a fazer barulho, disparando em todos os sentidos até darem nas vistas.
Como estamos num país aberto, o que acontece é que em vez de serem eliminadas pelo famoso sistema como muitos dos que não ousam dar a cara temem, essas vozes sonantes que aparentam distanciar-se dos métodos do governo dia, são promovidas a funções de direcção. Foi assim que muitos passaram a presidentes de assembleias, a ministros, a governadores, a PCAs, a dirigentes de grandes empresas, a directores.
Mas a concorrência é grande e como dois corpos não podem caber no mesmo lugar, muitos potenciais chefes ficaram de fora, estando ainda à espera da sua hora para colocarem à prova os seus ditados e predições sobre o desenvolvimento.
Ao longo dos últimos anos, não nos faltarem decepções com todos aqueles que um dia foram para as grandes lides. Decepções por estes não terem continuado com aquela fibra, aquela força de ataque para enfrentar tudo aquilo que prometiam mudar através das fórmulas mágicas que prediziam, antes de serem cooptados. Daí que não escape um certo olhar de desconfiança com relação aos discursos daqueles que andam ai a criticar a torto e à direito e de forma desajeitada.
De forma desajeitada porque muitos deles esquecem-se que um dia foram assessores ou consultores na origem de muitas teses e políticas desenvolvidas neste país. De forma desajeitada porque muitos deles dirigem instituições de relevo, mas parecem insatisfeitos com o tacho ao ponto de porem em causa o sentido de uma agenda nacional insurgindo-se veementemente contra a viragem proposta por um grande líder, para de seguida virem a público anunciar-nos as suas ideias genuínas, as melhores de todas!
Pensam que o governo é surdo, não lhes escuta e devem estar muito zangados, por isso é que agem dessa maneira. Mas urge e mais do que nunca fazer-se um inventário destes potenciais chefes – os ministráveis para estudar a possibilidade de lhes dar o lugar que bem merecem, apesar das suas formas de intervenção não se revelarem, pelo menos para nós, as mais correctas, sobretudo por estarmos perante intelectuais que, logo, ao invés de pretenderem, como acabam o fazendo, se mostrar sabichões das matérias, deveriam ao contrário, contribuir modestamente quiçá negociando e partilhando os conhecimentos que detém. Água mole em pedra dura tanto bate até rachar!
Vai custar no orçamento, mas podemos criar novos ministérios e secretarias de Estado para acomodá-los e sobretudo pô-los a trabalhar. Eles merecem um voto de confiança, para esperamos nós, provarem o que são capazes de mudar de facto nesta luta contra a pobreza que tanto se impõe.
Mas, caros amigos, oiçam os seguintes conselhos: quando chegar a vossa hora, por favor não se esqueçam das promessas que um dia fizeram ao povo e prestem muita atenção à declaração daquele ministro de François Mitterrand que queria se opor ao envio de tropas francesas ao Koweit em 1991: “um ministro deve saber calar a boca ou vai à rua”. Não se esqueçam também que a mudança exige o imperativo de conhecer as coisas, o funcionamento do sistema. Se quisermos mudar sozinhos sem os nossos colaboradores e parceiros a mudança não terá efeito e não será sustentável. Perguntem o Tsunami e ao seu sucessor a quantas vai a mudança no sistema nacional de saúde. Faltam-nos, claro, os medicamentos mais básicos, mas pelo menos ganhámos uma coisa, os hospitais andam mais limpos. Será que isso vai durar? Bem gostaríamos.
Como estamos num país aberto, o que acontece é que em vez de serem eliminadas pelo famoso sistema como muitos dos que não ousam dar a cara temem, essas vozes sonantes que aparentam distanciar-se dos métodos do governo dia, são promovidas a funções de direcção. Foi assim que muitos passaram a presidentes de assembleias, a ministros, a governadores, a PCAs, a dirigentes de grandes empresas, a directores.
Mas a concorrência é grande e como dois corpos não podem caber no mesmo lugar, muitos potenciais chefes ficaram de fora, estando ainda à espera da sua hora para colocarem à prova os seus ditados e predições sobre o desenvolvimento.
Ao longo dos últimos anos, não nos faltarem decepções com todos aqueles que um dia foram para as grandes lides. Decepções por estes não terem continuado com aquela fibra, aquela força de ataque para enfrentar tudo aquilo que prometiam mudar através das fórmulas mágicas que prediziam, antes de serem cooptados. Daí que não escape um certo olhar de desconfiança com relação aos discursos daqueles que andam ai a criticar a torto e à direito e de forma desajeitada.
De forma desajeitada porque muitos deles esquecem-se que um dia foram assessores ou consultores na origem de muitas teses e políticas desenvolvidas neste país. De forma desajeitada porque muitos deles dirigem instituições de relevo, mas parecem insatisfeitos com o tacho ao ponto de porem em causa o sentido de uma agenda nacional insurgindo-se veementemente contra a viragem proposta por um grande líder, para de seguida virem a público anunciar-nos as suas ideias genuínas, as melhores de todas!
Pensam que o governo é surdo, não lhes escuta e devem estar muito zangados, por isso é que agem dessa maneira. Mas urge e mais do que nunca fazer-se um inventário destes potenciais chefes – os ministráveis para estudar a possibilidade de lhes dar o lugar que bem merecem, apesar das suas formas de intervenção não se revelarem, pelo menos para nós, as mais correctas, sobretudo por estarmos perante intelectuais que, logo, ao invés de pretenderem, como acabam o fazendo, se mostrar sabichões das matérias, deveriam ao contrário, contribuir modestamente quiçá negociando e partilhando os conhecimentos que detém. Água mole em pedra dura tanto bate até rachar!
Vai custar no orçamento, mas podemos criar novos ministérios e secretarias de Estado para acomodá-los e sobretudo pô-los a trabalhar. Eles merecem um voto de confiança, para esperamos nós, provarem o que são capazes de mudar de facto nesta luta contra a pobreza que tanto se impõe.
Mas, caros amigos, oiçam os seguintes conselhos: quando chegar a vossa hora, por favor não se esqueçam das promessas que um dia fizeram ao povo e prestem muita atenção à declaração daquele ministro de François Mitterrand que queria se opor ao envio de tropas francesas ao Koweit em 1991: “um ministro deve saber calar a boca ou vai à rua”. Não se esqueçam também que a mudança exige o imperativo de conhecer as coisas, o funcionamento do sistema. Se quisermos mudar sozinhos sem os nossos colaboradores e parceiros a mudança não terá efeito e não será sustentável. Perguntem o Tsunami e ao seu sucessor a quantas vai a mudança no sistema nacional de saúde. Faltam-nos, claro, os medicamentos mais básicos, mas pelo menos ganhámos uma coisa, os hospitais andam mais limpos. Será que isso vai durar? Bem gostaríamos.
In Jornal Público ed.104,pag.06
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