Nos anos 90 desenvolveram-se com intensidade novas abordagens de governação, particularmente, mais viradas para a participação popular. Houve a compreensão, embora estejamos a experimentar os limites dos modelos, de que a aplicação de métodos governativos participativos, em que as comunidades beneficiárias e os diferentes actores, agora baptizados de parceiros, tenham sentido de pertença das coisas e dos processos, era o segredo da implementação bem-sucedida de qualquer reforma e intervenção pública.
Viu-se também que a adesão aos projectos dependia muito da capacidade dos líderes responderem a um certo número de expectativas, particularmente, em relação aos ganhos que cada um pode tirar de participar num vasto programa de mudanças.
O famoso win win passou a ser um conceito popular nos meios políticos e também dos negócios. Simultaneamente, vieram sedimentar-se abordagens visando um desenvolvimento sustentável além de outros valores humanísticos de natureza extremamente progressista que encontram algum sentido de clareza de expressão na declaração dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em 2000, com a totalidade dos países membros das Nações Unidas a se comprometerem para edificar uma sociedade mais justa, livre das guerras, das doenças, da ignorância e sobretudo mais consciente da necessidade do uso racional dos recursos disponíveis.
O imperativo de uma parceria global para o desenvolvimento que não faria sentido sem redes locais reapareceu como um factor incontornável da luta contra a pobreza.
O convite que queremos formular é dirigido ao homem de Estado e não ao homem político. Apesar de podermos encontrar numa mesma pessoa os dois perfis, a diferença que se quer marcar reside no facto de se acreditar que os homens de Estado apostam numa projecção do bem-estar de suas populações enquanto os políticos só olham para os projectos que lhes permitem saciar suas ambições políticas a longo prazo.
Joaquim Chissano a quem o destino quis que ficasse no poder 18 anos, foi quem a comunidade inteira aclamou e com muita admiração quando decidiu não se candidatar a mais um mandato. Na altura, provavelmente, estivéssemos a precisar de ver novas caras, mas ficou claro à partida para muitos, que Chissano tinha lançado a primeira pedra de muitas obras que ficavam por concluir. Com efeito, durante o seu mandato o ex-presidente da República foi mentor de vários programas, com destaque para a entrada do país na sociedade da informação e da comunicação que viria a massificar-se graças à promoção da educação para todos e das NTICs.
Foi Chissano que lançou pela primeira vez a ideia de parceria inteligente, por vezes mal interpretada. Ouvimo-lo como um camponês que não consegue a colheita, a lamentar que a quantidade e qualidade dos graduados do ensino superior não está a se fazer sentir nos sectores de que o país mais se ressente, na luta contra a pobreza.
Muita coisa pode explicar o insucesso na capacidade de absorção e capitalização do conhecimento que já dispomos. Uma delas é o facto de não estarmos a conseguir ainda criar mercados e indústrias, mesmo naqueles sectores em que o país é altamente potencial. Mas para nós, um dos factores que parece fulcral que pode aliás reverter a situação em muitas áreas, é a problemática da parceria.
A parceria não se ensina como tal, segundo um método pedagógico. Ela nasce como que espontaneamente e as pessoas que a praticam tiram as vantagens de poder contar com a ajuda de outras pessoas na resolução de problemas que individualmente nunca conseguiriam. Vê-se na pareceria a imagem de redes de pessoas trabalhando e comungando valores de ajuda mútua à volta de projectos individuais, profissionais ou comunitários. É o que está a faltar nos nossos dispositivos, cada um jogando individualmente como se não existisse uma equipa.
Gostaríamos de convidar Joaquim Chissano a retomar a ideia que lançou e a encontrar seguidores para alastrar este pensamento nas escolas e em todos os sectores porque a parceria inteligente pode ser a alavanca que fará bola de neve com o conhecimento disponível para produzirmos riqueza e bem-estar em Moçambique.
Viu-se também que a adesão aos projectos dependia muito da capacidade dos líderes responderem a um certo número de expectativas, particularmente, em relação aos ganhos que cada um pode tirar de participar num vasto programa de mudanças.
O famoso win win passou a ser um conceito popular nos meios políticos e também dos negócios. Simultaneamente, vieram sedimentar-se abordagens visando um desenvolvimento sustentável além de outros valores humanísticos de natureza extremamente progressista que encontram algum sentido de clareza de expressão na declaração dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em 2000, com a totalidade dos países membros das Nações Unidas a se comprometerem para edificar uma sociedade mais justa, livre das guerras, das doenças, da ignorância e sobretudo mais consciente da necessidade do uso racional dos recursos disponíveis.
O imperativo de uma parceria global para o desenvolvimento que não faria sentido sem redes locais reapareceu como um factor incontornável da luta contra a pobreza.
O convite que queremos formular é dirigido ao homem de Estado e não ao homem político. Apesar de podermos encontrar numa mesma pessoa os dois perfis, a diferença que se quer marcar reside no facto de se acreditar que os homens de Estado apostam numa projecção do bem-estar de suas populações enquanto os políticos só olham para os projectos que lhes permitem saciar suas ambições políticas a longo prazo.
Joaquim Chissano a quem o destino quis que ficasse no poder 18 anos, foi quem a comunidade inteira aclamou e com muita admiração quando decidiu não se candidatar a mais um mandato. Na altura, provavelmente, estivéssemos a precisar de ver novas caras, mas ficou claro à partida para muitos, que Chissano tinha lançado a primeira pedra de muitas obras que ficavam por concluir. Com efeito, durante o seu mandato o ex-presidente da República foi mentor de vários programas, com destaque para a entrada do país na sociedade da informação e da comunicação que viria a massificar-se graças à promoção da educação para todos e das NTICs.
Foi Chissano que lançou pela primeira vez a ideia de parceria inteligente, por vezes mal interpretada. Ouvimo-lo como um camponês que não consegue a colheita, a lamentar que a quantidade e qualidade dos graduados do ensino superior não está a se fazer sentir nos sectores de que o país mais se ressente, na luta contra a pobreza.
Muita coisa pode explicar o insucesso na capacidade de absorção e capitalização do conhecimento que já dispomos. Uma delas é o facto de não estarmos a conseguir ainda criar mercados e indústrias, mesmo naqueles sectores em que o país é altamente potencial. Mas para nós, um dos factores que parece fulcral que pode aliás reverter a situação em muitas áreas, é a problemática da parceria.
A parceria não se ensina como tal, segundo um método pedagógico. Ela nasce como que espontaneamente e as pessoas que a praticam tiram as vantagens de poder contar com a ajuda de outras pessoas na resolução de problemas que individualmente nunca conseguiriam. Vê-se na pareceria a imagem de redes de pessoas trabalhando e comungando valores de ajuda mútua à volta de projectos individuais, profissionais ou comunitários. É o que está a faltar nos nossos dispositivos, cada um jogando individualmente como se não existisse uma equipa.
Gostaríamos de convidar Joaquim Chissano a retomar a ideia que lançou e a encontrar seguidores para alastrar este pensamento nas escolas e em todos os sectores porque a parceria inteligente pode ser a alavanca que fará bola de neve com o conhecimento disponível para produzirmos riqueza e bem-estar em Moçambique.
In Jornal Público ed.103,pag.06
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